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Aprender com os erros, característica dos campeões

Aprender com os erros, característica dos campeões

Por que Sebastian Vettel, alemão, 31 anos, tem um contrato com a Ferrari de 36 milhões de euros (R$ 170 milhões) por ano? Por que Max Verstappen, holandês, 20 anos, ganha impressionantes 26 milhões de euros (R$ 123 milhões) por temporada da Red Bull?

Bem, Vettel já conquistou quatro títulos mundiais seguidos, de 2010 a 2013, na Red Bull, venceu 51 GPs, chegou ao pódio em 106 corridas e largou 55 vezes na pole position. Os números os colocam dentre os maiores da história do mundial.

E o que aconteceu este ano, com ele, há pouco tempo, dia 22 de julho, no Circuito de Hockenheim, ao lado de onde nasceu e cresceu, Heppenheim? Vettel liderava o GP da Alemanha, diante de 100 mil torcedores, a grande maioria sua fã, e simplesmente errou!

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Na 52ª volta de um total de 67, Vettel estava perto de ampliar a diferença para Lewis Hamilton, da Mercedes, na liderança do campeonato. Mas ao se aproximar da curva 13, atrasou a freada, as rodas traseiras do modelo SF71H da Ferrari travaram no asfalto úmido e ele foi lançado para fora da pista, na barreira de pneus. Acabou a corrida para ele.

Segue sem vencer em Hockenheim. Muito pior: como Hamilton, mesmo largando em 14º, venceu, Vettel perdeu a liderança do campeonato, bem como a Ferrari para a Mercedes entre os construtores. Desastre total.

A Ferrari investe por ano 300 milhões de euros (quase R$ 1,5 bilhão) por ano na F1. E um funcionário, o piloto, desperdiça uma chance de ouro de todos, a marca Ferrari e o seus patrocinadores capitalizarem com a vitória, o sucesso, a confirmação da liderança do campeonato.

Dá para ter uma ideia do peso de um erro dessa natureza, em especial por ser de um piloto que desde 2007 está na F1, com 211 GPs de experiência?


Max Verstappen, da Red Bull

Vamos a Max Verstappen. Depois da vitória no GP da Malásia do ano passado, Toto Wolff, da Mercedes, o procurou para oferecer um contrato para quando o seu com a Red Bull terminasse, no fim de 2019. Os diretores da Red Bull, Christian Horner e Helmut Marko, reagiram e ofereceram uma extensão do seu contrato até o fim de 2020. Como estímulo, receber 26 milhões de euros por ano, sendo que, a rigor, Max ainda é uma promessa. Tem quatro vitórias, 15 pódios e nenhuma pole nos 71 GPs disputados.

E o que Max fez nas seis primeiras etapas do campeonato deste ano, aquele em que ele e a Red Bull deveriam estar lutando por pódios em quase toda corrida, como demonstrou no começo do ano o seu companheiro, o mais eficaz Daniel Ricciardo?

Max cometeu erros comprometedores ao menos uma vez nos seis primeiros GP da temporada. Depois do GP de Mônaco, sexto do calendário, disputado dia 27 de maio, Ricciardo, vencedor no Principado, tinha 72 pontos, terceiro no campeonato, enquanto Max, somente 35, menos da metade. Detalhe: Ricciardo ganha 30% do pago ao holandês.

“Os erros nesse esporte em que se luta por milésimos de segundo são cometidos mesmo por campeões da competência e do retrospecto excepcional de Vettel, ou do talento nato e arrojo de Max Verstappen.”

Onde quero chegar? Que os erros nesse esporte em que se luta por milésimos de segundo são cometidos mesmo por campeões da competência e do retrospecto excepcional de Vettel, ou do talento nato e arrojo de Max.

Diante dessa fotografia mais real do que é o automobilismo, os erros de Sérgio Sette Câmara neste fim de semana no Circuito Hungaroring, na corrida do sábado, quando largou na pole position e terminou em sétimo, devem ser vistos como parte do seu aprendizado.

Essa é a palavra-chave, aprendizado. Sérgio deve estudar os acontecimentos em detalhes, entender o que se passou. Por exemplo, por que desestabilizar-se emocionalmente ao não assumir a liderança da corrida, na última volta, e perder o segundo lugar, a ponto de bater em Fuoco? Sem colidir com o italiano, teria sido terceiro, não sétimo, por causa da punição.

São reflexões dessa natureza que o farão um piloto mais maduro e vão levá-lo a conquistar os resultados que sua capacidade permite. Se até Vettel, com todo o seu lastro erra, por que não Sérgio? De novo: é fundamental tirar proveito dessas situações desgastantes. Sair mais forte.

Em 2007, o hoje piloto mais completo em atividade na F1, Lewis Hamilton, da Mercedes, já quatro vezes campeão do mundo, perdeu no seu primeiro ano na F1, em 2007, com a McLaren, o título mais ganho da história. Faltando duas etapas para o final do campeonato, sua vantagem para Kimi Raikkonen, da Ferrari, era enorme. Mas Hamilton conseguiu o mais difícil, ver em Interlagos Raikkonen e a Ferrari fazerem a festa, depois de errar na corrida, como havia feito na etapa anterior, na China, onde já podia ter definido a conquista.

Mas quem é Hamilton hoje? O piloto que mesmo com um carro menos eficiente que o da Ferrari lidera o mundial e tem chances de conquistar seu quinto título mundial. Por quê? Porque aprendeu com os erros cometidos.

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“Hamilton, The Hammer”, ou Hamilton o Martelo, como o chamam. Por não errar. Está sempre lá quando surge a oportunidade de vencer, como as duas últimas etapas, Alemanha e Hungria, pistas mais favoráveis a Ferrari. Um piloto que hoje é uma unanimidade na F1.

Esse é o maior ensinamento que Sérgio, de 20 anos de idade, pode levar para reflexão nessas três semanas sem corrida da F2.

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