/

F1: GP de Barein deve responder perguntas deixadas no ar na corrida da Austrália

F1: GP de Barein deve responder perguntas deixadas no ar na corrida da Austrália

Não se pode dizer que havia grande expectativa com relação ao GP da Austrália de F1, disputado domingo, em Melbourne. A introdução do novo regulamento associada ao resultado dos treinos da pré-temporada, em Barcelona, lançou sobre a etapa de abertura do campeonato enorme interesse.

Mas não é errado também afirmarmos que a expectativa gerada para segunda prova do calendário, o GP de Bahrein, de 29 a 31 deste mês, é ainda maior. Isso porque o evento no Circuito Albert Park, há uma semana, mais levantou questões do que respondeu as que estavam no ar depois de a Ferrari se mostrar mais rápida e equilibrada que a Mercedes nos testes realizados no Circuito da Catalunha.

Na hora no vamos ver, no entanto, Valtteri Bottas venceu com o companheiro de Mercedes, Lewis Hamilton, em segundo, enquanto Sebastian Vettel, da Ferrari, foi apenas quarto, com impressionantes 57 segundos de atraso, e Charles Leclerc, seu parceiro, quinto. Nem os próprios integrantes da Mercedes acreditavam ser possível algo do gênero, haja vista que deixaram Barcelona afirmando que a Ferrari era a favorita na primeira corrida do campeonato.

Essa é, portanto, a primeira pergunta que a etapa no Circuito de Sakhir, no Barein, começará a responder: a Ferrari de 2019 é a que vimos nos treinos antes de a temporada começar, forte, capaz de levar James Allison, diretor técnico da Mercedes, a apressar o desenvolvimento do modelo W10, ou a que se apresentou em Melbourne, lenta e desequilibrada, tanto na sessão de classificação, quando Vettel, terceiro, ficou a sete décimos de Hamilton, pole position, como na corrida?

Repare que a resposta a essa pergunta condiciona o que pode acontecer pelo menos nas duas provas seguintes do mundial, o GP da China, dia 14 de abril, e o do Azerbaijão, 28. Já na seguinte, quinta do ano, o GP da Espanha, as coisas podem mudar um pouco. Por ser o primeiro GP na Europa, as equipes costumam levar carros bastante modificados, por vezes uma versão nova do usado nos eventos de Austrália, Barein, China e Azerbaijão. A ordem de forças entre os times pode sofrer alguma alteração, mas não radical.

O GP de Barein nos dirá se as grandes dificuldades de Vettel e Leclerc, notadamente nas 58 voltas nos 5.303 metros do Circuito Albert Park, decorreram do fato de a Ferrari não ter encontrado, durante todo o fim de semana, o acerto mais indicado do modelo SF90 à pista, o mais provável, ou se aquele é mesmo o potencial do projeto, ao contrário do que o treinamento em Barcelona sugeria.

Devemos considerar que o circuito australiano não é permanente, mas montado dentro de um parque, o que eleva o número de variáveis que interferem na performance dos carros e no andamento das corridas. É o mesmo para todos, verdade, mas por vezes uma equipe se ressente mais que a outra. A exemplo da Ferrari, a McLaren foi surpreendentemente lenta no domingo, com o ótimo estreante Lando Norris, 12º colocado, uma volta atrás de Bottas, enquanto largou em oitavo.

Toto Wolff, diretor da Mercedes, diz já ter a resposta:

“Nós não nos iludimos com a vitória, o primeiro e o segundo lugar na Austrália, inesperadamente. A Ferrari não foi competitiva por não ter encontrado um melhor ajuste do seu carro para o circuito. Acreditamos que no Barein as coisas sejam bem diferentes. E até a Red Bull deve entrar na luta pelas primeiras colocações.”

Red Bull-Honda, grata surpresa

Esse é outro questionamento que está no ar: até onde a Red Bull pode chegar?

Na estreia da associação Red Bull-Honda, domingo, Max Verstappen conquistou brilhantemente um pódio, terceiro lugar. Sua ultrapassagem em Vettel repercutiu no meio da F1. Há um simbolismo por trás da manobra: estaria a Red Bull assumindo a condição de segunda força da F1? Não dá para afirmar. O que podemos dizer, com certeza, é que o modelo RB15-Honda de Max e seu companheiro, Pierre Gasly, tem grande potencial para ser desenvolvido.

A torcida de todo fã da F1 é para que no Circuito de Sakhir, e depois nos demais, Mercedes, Ferrari e Red Bull apresentem performances bem semelhantes e os seus seis pilotos digladiem tanto nas definições do grid como ao longo dos 305 quilômetros da corrida. Mais: que venhamos a conhecer o campeão do mundo somente na 21ª e última prova do calendário, dia 1º de dezembro, em Abu Dhabi.

O GP de Barein também nos dará mais elementos para entender como fica nesse início de temporada a luta para ser o melhor da F1 fora as três inatingíveis ainda, Mercedes, Ferrari e Red Bull. No Circuito Albert Park, a Haas saiu na frente, com ótimo sexto lugar de Kevin Magnussen, o único desse bloco dos melhores na F1 B que não tomou uma volta do vencedor, Bottas.

Mas a seguir vieram Nico Hulkenberg, da Renault, sétimo, Kimi Raikkonen, Alfa Romeo, oitavo, Lance Stroll, em excelente trabalho, da Racing Point, nono, e Daniil Kvyat, Toro Rosso-Honda, décimo. Todos muito próximos, lutando curva a curva para ficar na frente um do outro. Entre Hulkenberg e Kvyat a diferença, na bandeirada, foi cerca de dois segundos, apenas.

Vamos lá, com certeza quem gosta de F1 não deve estar vendo a hora de os carros deixarem os boxes, no Barein, a fim de entender qual é a da Ferrari e Red Bull, este ano, e das escuderias do segundo pelotão.

Vale lembrar que será que Circuito de Sakhir que começará o campeonato da F2. O Brasil tem um representante na competição, a antessala da F1: Sérgio Sette Câmara, de Belo Horizonte, 20 anos, piloto da francesa DAMS, patrocinado pela Youse. Nos testes de Jerez de la Frontera e Barcelona, Sérgio esteve dentre os protagonistas. Deve lutar pelas primeiras colocações.

Artigos mais acessados

Pra vc ficar numa boa