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Em qual equipe Sérgio Sette Câmara pode correr na F1 em 2020?

Em qual equipe Sérgio Sette Câmara pode correr na F1 em 2020?

Nice, França – Por que Sérgio Sette Câmara, 21 anos de idade, patrocinado pela Youse, e os demais 19 colegas do grid disputam este ano a F2? Resposta: a F2 não é um fim profissional, mas apenas e tão somente uma passagem para algo maior, a F1 em 2020.

Estamos na pausa dos calendários da F1, F2 e F3. Durante essas três semanas sem atividade de pista e, por 15 dias, mesmo nas sedes das escuderias de F1, os contatos entre empresários de pilotos e chefes de equipe de F1 se intensificam visando um possível acordo para a temporada seguinte.

Uma série complexa de fatores irá definir o rumo dos pilotos com chances de ascender profissionalmente, ou seja, passar para a F1 em 2020. Só o talento, pré-requisito inicial, não é suficiente na maioria dos casos. É preciso que haja uma convergência de interesses e, como regra, importante recursos estejam disponíveis por parte do piloto. Como valor básico podemos dizer entre 12 e 15 milhões de euros, entre 54 e 67 milhões de reais.

A visão de Sérgio: “Desde que passei a correr de kart, criança ainda, sonho em me tornar piloto de F1 e, claro, ser campeão do mundo. Esta é a minha terceira temporada na F2. Disputei também duas na F3. Já venci corridas, larguei na pole e fiz melhor volta. E tenho como característica trazer o carro de volta com bons pontos no bolso. A experiência na F1 este ano, como piloto de testes da McLaren, também está me ajudando e entender melhor o desafio da F1. O que posso dizer é que me sinto preparado para enfrentá-lo. E se não confiasse que posso fazer sucesso não estaria competindo na F2. Torço para que as coisas se resolvam, eu me torne titular de um time na F1 em 2020”.

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Obter a superlicença para a F1 em 2020

Vamos percorrer o paddock da F1 e refletirmos sobre quais seriam os possíveis caminhos de Sérgio para estrear na F1 em 2020, quais equipes, realisticamente, poderiam contratá-lo?

Em primeiro lugar, Sérgio precisa de um documento emitido pela Federeção Internacional de Automobilismo (FIA) para disputar a F1, a superlicença. Todo piloto tem uma carteira, onde são anotados os pontos conquistados, relativos a sua classificação final nos campeonatos que compete. Na F2, os três primeiros colocados recebem 40 pontos, exatamente o exigido pela FIA para a emissão da superlicença.

Sérgio já tem 10 pontos obtidos com o sexto lugar na F2 em 2018. Se este ano for quarto no campeonato, ganhará 30 pontos, o que somados aos 10 da temporada passada lhe garantem a superlicença. Neste momento, depois de oito etapas na F2, Sérgio, da equipe DAMS, é o terceiro na classificação, com 141 pontos.

O holandês Nyck de Vries, da ART, lidera com 196 e o companheiro de Sérgio, o canadense Nicholas Latifi, está em segundo, com 166. Restam quatro etapas, oito corridas, por serem duas a cada rodada. A próxima será no Circuito Spa-Francorchamps, na Bélgica, de 28 deste mês a 1º de setembro.

Mesmo empresário de Alonso

O empresário de Sérgio é o espanhol Luis Garcia Abad, o mesmo que administra a carreira de Fernando Alonso. É ele quem conversa com os chefes de equipe da F1, apresenta o currículo do piloto, destaca suas qualidades, a experiência adquirida e seus planos profissionais.

Sérgio tem duas vitórias na F2, nos GP da Bélgica de 2017, com o carro da modesta MP Motorsport, e este ano, na Áustria, já pela DAMS. Tem duas poles: este ano na França e em 2018, na Hungria, pela Carlin.

Os chefes de equipe de F1 têm a oportunidade de acompanhar o trabalho dos pilotos de F2 em todas as 12 etapas do calendários por serem disputadas no mesmo fim de semana dos GPs de F1. Obviamente eles formam os seus próprios conceitos a respeito dos pilotos, que pode tanto facilitar uma eventual contratação como até mesmo inviabilizá-la.

Qual o cenário que Luis Garcia Abad tem enfrentado para levar Sérgio para a F1 em 2020? Obviamente, por questões estratégicas, o espanhol não conversa sobre o tema, apenas diz que negocia com vários times.

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Importante: Sérgio tem a seu favor a importante experiência que está adquirindo, este ano, como piloto de testes da McLaren, no simulador da equipe em sua sede, em Woking, Inglaterra. Isso o permite participar das reuniões entre os pilotos titulares na F1, o espanhol Carlos Sainz Júnior, 24 anos, e o inglês Lando Norris, 19, com os engenheiros da McLaren.

Há na F1 apenas dez equipes, ou 20 vagas de pilotos, como na F2. Ferrari e McLaren têm seus dois pilotos sob contrato para 2020. Na escuderia italiana, salvo grande surpresa, serão o alemão Sebastian Vettel, 32 anos, e Charles Leclerc, monegasco, 21.

Na McLaren, os dois jovens de hoje tiveram seu compromisso renovado, Sainz Júnior e Leclerc.

Haverá uma vaga pelo menos, portanto, nas demais oito escuderias.

Mercedes

Lewis Hamilton, 34 anos, tem contrato para a F1 em 2020. O seu companheiro será ou o atual, o finlandês Valtteri Bottas, perto de completar 30 anos (dia 28), ou o piloto de testes, o francês Esteban Ocon, 22. Toto Wolff, diretor da Mercedes, tem ainda o talentoso George Russell, 21 anos, campeão da F2 em 2018, no seu programa de pilotos, hoje titular da Williams.

Red Bull

Sérgio já participou do programa da empresa austríaca, em 2016, na sua época de F3. Estava ainda em formação, como piloto, e sua equipe também não o permitiu grandes resultados. Helmut Marko, diretor do programa, o dispensou.

Na Red Bull, em 2020, Max Verstappen, holandês, 21 anos, a grande estrela hoje da F1, fica onde está, tem contrato. A outra vaga está, a princípio, entre o tailandês Alexander Albon, 23 anos, que estreia na equipe no próximo GP, na Bélgica. Corria pelo outro time da empresa, a Toro Rosso. Se confirmar seus dotes de velocidade e evoluir em constância pode ganhar um contrato na Red Bull para 2020.

Outra possibilidade é o russo Daniil Kvyat, 25 anos, agora na Toro Rosso, voltar a Red Bull no ano que vem. As chances de Pierre Gasly, rebaixado da Red Bull para a Toro Rosso, a partir do GP da Bélgica, são mínimas.

Toro Rosso

Kvyat deverá ter seu contrato estendido para 2020. Ou, se Albon não aprovar na Red Bull nas nove etapas que restam da F1, poder voltar ao time principal da empresa, de onde saiu em 2015, rebaixado para a Toro Rosso.

A outra vaga na Toro Rosso pode tanto ficar com Gasly, se reagir e se mostrar mais eficiente até o fim do ano, como ser aberta a candidatos. Aqui Sérgio aparece na lista, apesar de já ter participado do programa da Red Bull. O desempenho em 2018 e nesta temporada deve ter levado Marko a rever o seu conceito a respeito do piloto de Minas. Mas a concorrência para ser titular da Toro Rosso também será durá.

Renault

O autraliano Daniel Ricciardo, 30 anos, tem contrato para 2020. O outro carro ficará com o alemão Nico Hulkenberg, 32 anos, que ganharia um ano a mais de contrato, ou com o francês Esteban Ocon, se a Mercedes renovar com Bottas. Wolff concorda em ceder Ocon para a Renault, mediante um pagamento.

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Alfa Romeo

Este é outro time em que Sérgio tem alguma chance de se transferir para a F1. Kimi Raikkonen, 39, tem contrato e fica lá no ano que vem. Já o italiano Antonio Giovinazzi, 25 anos, disputa um campeonato muito abaixo do mínimo aceitável, somou um ponto diante de 31 de Raikkonen. A lista de candidatos a correr pela segunda equipe da Ferrari, a Alfa Romeo, é grande. Sérgio faz parte.

Racing Point

O filho do dono, Lance Stroll, 20 anos, permanece lá. A outra vaga deve, salvo surpresa, ficar com o já titular Sérgio Perez, mexicano de 28 anos. Mas ainda não está assinado. Wolff está tentando levar Ocon para lá porque a Racing Point corre com unidade motriz (motor) Mercedes. Isso se Ocon já não assumir o carro de Bottas.

Haas

O dinamarquês Kevin Magnussen, 26 anos, deverá ter o contrato renovado. Já o francês Romain Grosjean, 33 anos, dificilmente ganhará mais um ano na Haas. A lista de candidatos é longa, mesmo de pilotos hoje titulares na F1 e que eventualmente possam ficar sem equipe, como Bottas e Hulkenberg.

Williams

Russell tem contrato para 2020. Só sai se Wolff conseguir convencer Lawrence Stroll, sócio da Racing Point, a substituir Perez por ele ou mesmo Ocon, os dois pilotos da Mercedes. O mais provável é Russell seguir na Williams. No outro carro, dificilmente o polonês Robert Kubica, 32 anos, terá o contrato renovado. Não acompanha o ritmo de Russell. Ele tem severas limitações físicas decorrentes do acidente de rali no distante 2011.

O piloto que mantém negociação avançada com a Williams é o companheiro de Sérgio na DAMS, este ano, Latifi. Ele já é piloto de testes do time inglês e dispõe de grandes recursos financeiros. Há outros interessados. Neste momento Sérgio não aparece na lista de candidatos.

Tudo isso que está acontecendo não passa de um retrato do momento do mercado de pilotos. Nada impede de acontecer reviravoltas inesperadas e as negociações seguiram rumos distintos dos desenhados. A F1 é assim. Mas não há indícios, hoje, de que teremos mudanças radicais no quadro de pilotos e times em 2020.

Já para 2021 pode se preparar, muito provavelmente teremos transferências bombásticas. A nova F1 será nova não apenas nos regulamento técnico, esportivo e na forma de ser administrada, mas também nas relações entre pilotos e equipes.

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