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F2: Choque fura pneu e Sérgio Sette Câmara não termina GP da Itália

F2: Choque fura pneu e Sérgio Sette Câmara não termina GP da Itália

Está ainda sendo difícil para Sérgio Sette Câmara, patrocinado pela Youse, se conformar com o resultado da segunda corrida do GP da Itália de F2, disputada neste domingo em Monza.

Na sétima das 21 voltas da competição, o piloto mineiro de 21 anos, da equipe DAMS, lutava pelo quinto lugar com o holandês Nyck de Vries, da ART, quando o impulsivo italiano Luca Ghiotto, da UNI-Virtuosi, freou tarde demais na primeira chicane e atingiu Vries. O carro de Sérgio acabou atingido também, causando o furo do pneu traseiro direito. Sua participação na prova terminou ali.

Os prejuízos deste GP da Itália para Sérgio no campeonato foram grandes. Ao não marcar pontos e o inglês/coreano Jack Aitken, da Campos, vencer, o brasileiro caiu da quarta para a quinta colocação. Mas a diferença entre ele e o segundo na classificação da F2, o seu companheiro na DAMS, o canadense Nicholas Latifi, é pequena, assim o sonho do vice ainda é uma realidade bastante factível.

Porém, como comentou o piloto no seu depoimento, apresentado no fim do texto, é duro aceitar que um piloto com histórico de acidentes como Ghiotto de novo esteja envolvido em um acidente que o tire da corrida, como fez em Baku, no Azerbaijão. Tudo o que lhe acontece é a soma de cinco segundos ao seu tempo de prova.

Aitken venceu neste domingo, com o inglês Jordan King, da MP Motorsport, em segundo, e Vries em terceiro.

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As disputas foram emocionantes em razão de os ultravelozes 5.793 metros do Circuito de Monza proporcionarem muito vácuo. As ultrapassagens foram frequentes, bem como os erros nas frenagens, por os carros adotaram carga aerodinâmica mínima.

Ghiotto achou que poderia repetir neste domingo o bom trabalho do sábado, quando largou em 13º, inverteu a ordem dos pneus, largou com duros e depois colocou macios, e chegou em ótimo segundo lugar.

Neste GP da Itália, saiu da sétima colocação no grid, por ter sido segundo no sábado, pelo critério do grid invertido dentre os oito primeiros, e sem controle, como é comum na sua trajetória, provocou o acidente com Vries que tirou Sérgio da corrida. O italiano precisou ir para os boxes substituir o aerofólio dianteiro e não marcou pontos também.

Todos os que lutam pelo vice foram beneficiados pelo fim de semana ruim de Latifi, que não marcou pontos, 13º no sábado e décimo neste domingo.

Já as duas terceiras colocações de Vries, nas duas provas, o deixaram em condição de ser campeão já na etapa seguinte do calendário, o GP da Rússia, dias 29 e 30, no Circuito de Sochi, às margens do Mar Negro.

Vries quase campeão

Depois de dez etapas, sendo que a da Bélgica acabou não se realizando, por causa do acidente fatal com o francês Anthoine Hubert, o holandês da ART, Vries, soma 225 pontos. A cada etapa um piloto pode somar no máximo 48 pontos, dos 25 da vitória no sábado, 15 da vitória também no domingo, 4 pela pole position e 2 pela melhor volta em cada corrida.

Como Latifi, segundo no campeonato, tem 166 pontos, a diferença para Vries é de 59 pontos (225 – 166). Isso quer dizer que em Sochi Latifi e os demais com chances matemáticas de serem campeões precisam reduzir para 47 pontos a diferença para Vries, a fim de no último GP, em Abu Dhabi, dias 30 de novembro e 1º de dezembro, tentaram a última cartada.

Na prática, será surpreendente se já em Sochi Vries não definir, matematicamente, o título de campeão da F2.

A luta pelo vice reúne Latifi, com 166 pontos, Ghiotto, terceiro colocado, com 155, Aitken, quarto, 153, e Sérgio, quinto, 151.

Os três primeiros na temporada de F2 recebem os 40 pontos exigidos pela FIA para a obtenção da superlicença, documento que os autoriza a disputar a F1. Os pilotos têm três anos para somar os 40 pontos. Outras categorias também dão pontos para a carteira. O campeão da F3 ganha 30 pontos.

Sérgio precisa terminar o campeonato da F2, este ano, no mínimo na quarta colocação, o que lhe daria 30 pontos. O sexto lugar na F2, em 2018, lhe deu 10 pontos. Se for quarto, agora, atinge os 40 pontos necessários para a superlicença e se candidatar a ascender à F1.

Em 2020, porém, as vagas para receber os pilotos da F2 serão raríssimas, se houver. Vries, por exemplo, virtual campeão da F2 este ano, está sem perspectiva de passar para a F1, ao menos hoje.

“É duro aceitar um abandono provocado por outro piloto”

Sentindo-se bem desconfortável com o acontecimento deste GP da Itália, Sérgio deu o depoimento abaixo para a Youse:

Olá, amigos

O que dizer, amigos? Você dedica dias de trabalho para conquistar os melhores resultados possíveis, envolve dezenas de pessoas, elevados investimentos, e aí chega um colega, com história de colocar os outros para fora, eu inclusive, e de novo joga fora tudo o que nós fizemos na DAMS o tempo todo.

Estava correndo muito consciente, tentando preservar os pneus para as voltas finais. Evitei entrar naquela briga nas freadas que estava acontecendo. Estudava os adversários posicionados na minha frente, meu carro estava melhor do que no sábado e, apesar de não estar ótimo, o terceiro lugar neste domingo era um resultado perfeitamente possível, sem esforços excessivos.

E o que levo para casa do GP da Itália? Nada. Qual a minha responsabilidade? Neste caso, nenhuma.

Sobre o campeonato, temos ainda as etapas da Rússia e Abu Dhabi para reverter o fim de semana ruim aqui em Monza. Sabemos que é bem possível. Mesmo quando não dispomos do melhor carro, como aqui, dá para somar bons pontos. Desde que, claro, não apareça outro piloto achando que está sozinho na pista e atinge um, dois colegas e nada, de realmente relevante, aconteça com ele.

Voltamos a correr, agora, somente no último fim de semana do mês. Hora de seguir trabalhando com os engenheiros da DAMS, manter a forma física e técnica, com treinamentos específicos. Disponho de todas as condições para atingir a meta de terminar o campeonato como vice-campeão. Latifi está 15 pontos somente na minha frente. Nos falamos nos próximos dias. Abraços.

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