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Punição tira pódio de Sérgio Sette. Mas 5º lugar está longe de ruim. É o 3º no campeonato

Punição tira pódio de Sérgio Sette. Mas 5º lugar está longe de ruim. É o 3º no campeonato

Spielberg, Áustria – Sérgio Sette Câmara sentiu na pele, neste sábado, no Circuito Red Bull Ring, o chamado efeito “ganhou, mas não levou”. Em uma das suas melhores corridas este ano, dentre as 11 disputadas no campeonato da F2, o mineiro de 21 anos recebeu a bandeirada em terceiro, depois de largar em nono. Mas como os comissários o puniram com a inclusão de 5 segundos ao seu tempo de corrida, caiu para a quinta colocação.

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A punição se deve a um toque que Sérgio Sette deu no companheiro de equipe, Nicolas Latifi, na francesa DAMS, ainda na sexta volta de um total de 40, na dura luta envolvendo vários pilotos na curva 3. Os dois brigavam pelo sétimo lugar.

Latifi tinha na frente o suíço Louis Deletraz, da Carlin, o francês Anthoine Hubert, da Arden, o italiano Luca Ghiotto, da UNI-Virtuosi, quarto, quinto e sexto colocados, e precisou frear para bater. Sérgio estava logo atrás e não conseguiu brecar a tempo de evitar a batida no pneu traseiro de Latifi, fazendo-o rodar e cair para a última colocação.

Obviamente o clima ficou tenso na DAMS depois da primeira corrida da sexta etapa do calendário. Mas resolvido profissionalmente.

Duas voltas apenas depois do incidente, a direção de prova do GP da Áustria informou na tela de TV a decisão dos comissários. Eles seguiram o critério de punir os pilotos que se envolvem em situações semelhantes. Não há o que contestar. A regra não estipula se houve ou não intenção.

Lá na frente, o holandês Nyck de Vries, da ART, pole position, liderava com o japonês Nobuharu Matsushita, da Carlin, em segundo, e o chinês Guanyu Zhou, da UNI-Virtuosi, terceiro. Depois vinha o grupo que estava na frente de Latifi e Sérgio, descrito há pouco.

Ótima corrida de Sérgio Sette

“Eu me diverti bastante, fiz várias ultrapassagens” Sérgio Sette Câmara

A corrida foi emocionante da largada à bandeirada, com um número impressionante de ultrapassagens. Ajudou muito a imprevisibilidade do resultado final o fato de seis pilotos do grupo que anda atrás decidir não fazer o pit stop obrigatório nas voltas inicias, como os que receberam a bandeirada nas primeiras colocações. Estes pararam na sétima volta.

Assim, o indonésio Sean Gelael, da Prema, o russo Nikita Mazepin, da ART, o indiano Arjun Maini, da Campos, a colombiana Tatiana Calderon, da Arden, e os americanos Patricio O’Ward, da MP Motorsport, e Ryan Tveter, da Trident, ocuparam as primeiras colocações durante boa parte da competição.

Foi somente próximo do terço final que os pilotos mais rápidos, e haviam feito pit stop, chegaram neles. Aí foi um tal de negociar ultrapassagens como poucas vezes visto. As diferenças de velocidades eram grandes.

Sérgio Sette sabia que o calor de 29 graus e asfalto a 48 graus exporiam os pneus a um desgaste bastante elevado. Por isso não apareceu a maior parte do tempo. Ficou na sua. Na metade da prova, por exemplo, ocupava o décimo lugar, mas consciente de que os cinco primeiros teriam de realizar a parada e ele, com os pneus mais bem cuidados, poderia atacar os cinco primeiros na sua frente, os que lutavam, de fato, pela vitória e o pódio.

Nas dez voltas finais, o ritmo de Sérgio era o melhor da pista, a ponto de na 34ª passagem estabelecer a melhor volta da corrida, 1min18s738, garantindo-lhe dois pontos extras. O carro da DAMS que na definição do grid não permitiu a Sérgio muito mais que o nono lugar, em condição de corrida, como de hábito, com o asfalto mais emborrachado e aderente, demonstrava velocidade e equilíbrio.

Na 38ª volta, Sérgio Sette ultrapassou Hubert na freada da curva 3 para assumir o quarto lugar. Na seguinte, deixou Vries para trás na freada da curva 1 para receber a bandeirada em terceiro. Mais uma volta e é provável que terminasse em segundo, pois estava mais rápido que Ghiotto.

Quem também fez uma corrida espetacular foi Matsushita, quarto no grid, com várias ultrapassagens. Ganhou com todos os méritos. Ghiotto ficou em segundo e com a punição a Sérgio o pódio foi completado por Vries.

O resultado da prova deste sábado deixou o campeonato assim: Vries ampliou sua vantagem na classificação. Tinha 121 pontos e somou 4 da pole position e 15 do terceiro lugar. Chegou a 140. Latifi conseguiu ainda a nona colocação, 2 pontos, atingindo agora 111.

A boa notícia é que apesar da punição e trocar o pódio pelo quinto lugar, Sérgio Sette somou 10 pontos mais os 2 pontos da volta mais rápido. Tem um total de 92, o que faz ser o terceiro colocado na classificação geral. Era quarto.

Outra boa nova para Sérgio é que com o critério do grid invertido entre os oito primeiros na corrida deste sábado, para definir a posição de largada da prova de amanhã, Sérgio vai largar em quarto, com Jordan King, da Motorsport, na pole position, por ter sido oitavo neste sábado, Deletraz, em segundo, e Zhou em terceiro.

Em outras palavras, em condições normais, há uma boa chance de Sérgio Sette obter um pódio neste domingo e encostar mais no segundo colocado, Latifi, que larga em nono, posição em que terminou a corrida neste sábado.

Depois de se reunir com os integrantes da DAMS para discutir o incidente da sexta volta, em que involuntariamente tocou em Latifi, e realizar a reunião técnica de praxe, Sérgio deu o depoimento abaixo para a Youse:

Em busca de diversão e mais pontos

Olá, amigos.

Em primeiro lugar, quero pedir desculpas pelo ocorrido hoje entre eu e o meu companheiro de equipe, o Nicholas. O importante é que todos no nosso grupo viram que o toque foi coisa de corrida, aconteceu sem que eu tivesse a menor intenção. Não tenho no meu currículo uma lista de toques em outros pilotos. Meu índice de bandeirada é dos mais elevados por isso.

É bem incomum eu me envolver em um incidente. Mas infelizmente pode acontecer. O Ghiotto tocou na minha traseira, em Baku, em pleno regime de safety car, e mandou no muro. Saí do carro e disse que havia sido um erro grave dele, que me custou caro, mas da mesma forma que eu, hoje, involuntário.

O outro aspecto da corrida deste sábado é que me diverti bastante, fiz várias ultrapassagens. Acredito que até aí pela 30ª volta, a dez da bandeirada, muita gente deve ter se perguntado o que eu estava fazendo na pista, por que eu me mantinha lá atrás, quase fora dos pontos. Todos sabem que o carro da DAMS tem, muitas vezes, bom ritmo de corrida.

Acredite, amigo, fiz tudo com muita consciência. Sabia que com o baita calor de hoje a maioria ficaria sem pneus nas voltas finais. Quem soubesse administrá-los melhor poderia crescer bastante na classificação. Segui com rigor a receita que eu determinei para mim mesmo.

No fim, até o líder, o Matsushita, já não estava rápido. Eu, no entanto, em relação a todos, me encontrava na condição de ultrapassar um a um. Pena ter perdido algum tempo para ganhar algumas dessas colocações, o tráfego ficou intenso. Acho que dava para ser segundo, quero dizer chegar no Ghiotto.

Mas não estou triste não. Obviamente não é fácil você perder o terceiro pódio seguido, pois fui terceiro em Mônaco, segundo na França e seria terceiro aqui. Diante das circunstâncias, receber 5 segundos e somar 12 pontos não é um mau negócio.

E, melhor ainda, agora sou terceiro no campeonato da F2. Imagine que depois do GP da Espanha, terceiro do ano, o líder da F2 era o Nicholas, como escrevi, o meu companheiro, com 93. Eu estava apenas em sexto, com 33, ou seja, 60 pontos a menos.

Hoje, depois da primeira corrida aqui em Spielberg, eu sou o terceiro na classificação, com 92 pontos, enquanto o Nicholas está em segundo, com 111. Estamos separados por 19 pontos, bem diferente dos 60 do início de maio.

Neste domingo tem mais. Vou largar em quarto, a minha largada neste sábado foi boa e se repetir a dose amanhã tenho chances de marcar bons pontos. Espero me divertir como hoje. Nos falamos novamente amanhã, literalmente, pois aos domingos gravo um vídeo com o balanço do fim de semana. Abraços.

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