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Sérgio Sette Câmara na F2: vitória espetacular na Áustria deixa piloto em 3º

Sérgio Sette Câmara na F2: vitória espetacular na Áustria deixa piloto em 3º

Spielberg, Áustria – O fim de semana de Sérgio Sette Câmara na F2, piloto patrocinado pela Youse, no Circuito Red Bull Ring, foi fantástico. Neste domingo, na segunda corrida da sexta etapa do campeonato, largou em quarto e venceu com autoridade, com duas belas ultrapassagens. Foi sua segunda vitória na F2. A outra havia sido em 2017, no GP da Bélgica, no seletivo Circuito Spa-Francorchamps.

O italiano Luca Ghiotto, da UNI-Virtuosi, ficou em segundo e o holandês Nyck de Vries, da ART, terceiro, completou o pódio.

No sábado, Sérgio largou em nono e recebeu a bandeirada em terceiro. Mas por ter dado um toque involuntário no companheiro de equipe, na DAMS, o canadense Nicholas Latifi, foi punido com cinco segundos e caiu para quinto.

Otimismo de Sérgio Sette Câmara na F2

O mais importante para esse mineiro de 21 anos é o avanço na classificação do campeonato. Sérgio obteve 10 pontos do quinto lugar no sábado e mais 2 por ter registrado a volta mais rápida. Neste domingo, somou 15 da vitória, total de 27 pontos. Isso o levou a 107 pontos, terceiro colocado.

Vries, com duas terceiras colocações na Áustria, solidificou sua liderança, agora com 152 pontos, enquanto Latifi está vendo a cada etapa a vantagem conquistada nas corridas iniciais se diluir. Em Spielberg ele foi nono e neste domingo, sexto. Ocupa o segundo lugar na classificação, com 115.

“Achei que não teria pneus no fim. Foi apertado, mas deu tudo certo” Sérgio Sette Câmara

Depois da etapa de Barcelona, terceira do ano, Latifi era o líder da F2, com Sérgio somente em sexto, 60 pontos atrás. Com o excelente resultado do fim de semana, agora, no Circuito Red Bull Ring, e os pódios nas duas provas anteriores, na França e em Mônaco, o piloto de Belo Horizonte vai para a segunda etapa da temporada cheio de moral para entrar na luta pelo título.

O GP da Áustria foi o sexto de um calendário com 12, sempre disputado em duas corridas. O GP da Grã-Bretanha, de 12 a 14 de julho, no veloz Circuito de Silverstone, é o primeiro da segunda fase.

Estratégia e resultado

Depois de celebrar a vitória com os integrantes da equipe DAMS no autódromo austríaco Sérgio deu o depoimento abaixo para a Youse:

Oi, pessoal!

Sim, desta vez coloquei a exclamação, em vez do ponto. Isso dá o tom do meu estado de espírito? Estou muito feliz com a vitória neste domingo, após largar na quarta colocação. O Nyck (Nyck de Vries) estava na minha frente, em terceiro, quando de repente perdeu potência e eu o ultrapassei.

A seguir fui à caça do segundo colocado (o inglês Jordan King, da MP-Motorsport), a quem deixei para trás na sexta volta de um total de 28, e acelerei tudo para chegar no líder, o Deletraz (o suíço Louis Deletraz, da Carlin). Eu estava um pouco mais rápido, o ultrapassei na sétima volta. Pronto, tinha 21 voltas pela frente como primeiro colocado.

Sabe a temperatura da pista? 45 graus. Dentro do meu carro? Pode colocar fácil uns 40 graus. Fisicamente tudo bem, somos preparados para essas situações de exigência orgânica séria. O problema era os pneus. Como disputar a corrida inteira sem substituí-los. Nas provas do domingo não fazemos pit stop.

Eu queria abrir uma certa vantagem do Deletraz, depois de ultrapassá-lo para ser líder, por saber que no fim precisaria desses segundos, meus pneus iriam acusar o golpe. Na F2, no automobilismo de modo geral, dizemos que ter ar fresco na cara, por estar em primeiro, faz bem para tudo. Confesso não estar certo de que sempre é melhor.

Sérgio Sette Câmara comemora vitória

Ontem, vocês viram, ao menos contei aqui, eu permaneci a maior parte do tempo administrando os pneus, umas 30 voltas, para nas 10 finais, enquanto o pessoal estivesse lutando para se manter na pista, eu estaria mais rápido. E foi exatamente o que aconteceu.

Mas vocês acabaram de ler que eu passei a acelerar ainda mais o carro depois de me tornar líder, o oposto do que fiz ontem. A certa altura, entrei no rádio e perguntei para o meu engenheiro, o Damien (Damien Augier), que ritmo era aquele? Me parecia uma loucura. Achei que não teria pneus no fim.

Tirei um pouco o pé a fim de garantir meus pneus para as voltas finais. Com isso, o Deletraz encostou. Eu o tinha a uns dois segundos, ficou a um segundo. Mas na 20ª volta ele sumiu de trás de mim. Soube que escapou na curva 1 e colidiu no guardrail, felizmente sem se ferir.

Safety car, não!

O safety car foi liberado pelo diretor de prova. Faltavam oito voltas para a bandeirada. Ao receber a informação, disse, não! Minha preocupação maior era com os pneus, na relargada precisaria contar com eles. No fim da 22ª volta o safety car entrou nos boxes liberando a corrida. Conduzi nem a relargada.

Agora o desafio era segurar um possível ataque do novo segundo colocado (o italiano Luca Ghiotto), cujo carro (equipe UNI-Virtuosi) sempre tem um bom ritmo. Na 25ª volta, a três da bandeirada, o Luca ficou a menos de um segundo de mim, o que lhe dava a chance de usar o DRS (flap móvel) e tentar me ultrapassar nas retas.

Meus pneus estavam ruins, por eu ter exigido deles para ultrapassar o King, o Deletraz e abrir dois segundos, mas em estado melhor do que pensei que estariam, pois conseguia manter o Luca atrás de mim, apesar de ele poder usar o DRS. Eu o via bem grande nos meus espelhos. Mas vi que provavelmente seria possível me manter em primeiro se fizesse tudo bem certo.

Quando no fim da 28ª volta entrei na reta dos boxes e vi a bandeira pronta para ser abaixada para mim, mesmo com o Luca perto não daria mais para ele. Cruzou a linha de chegada meio segundo (563 milésimos depois) atrás de mim. Hu hu!

De bem com a equipe

Foi ótimo ter dado essa alegria não só para mim como para o pessoal da DAMS. Tivemos um fim de sábado desgastante por conta do meu incidente com o meu companheiro, o Nicholas (Nicholas Latifi). Contei ontem aqui.

Involuntariamente toquei no pneu traseiro dele e o carro rodou. Fui punido com 5 segundos, perdi o pódio. Nossa reunião foi tensa. Mas depois de analisarem os dados, entenderam que eu estava no meio de vários carros e apesar do erro minha responsabilidade era limitada.

Felizmente hoje o clima estava bem melhor e tive apoio total do grupo, como a eficiência do meu carro na corrida atesta.

Já me perguntaram sobre o campeonato. Claro que foi ótimo concluir a primeira metade bem perto do segundo colocado, o Nicholas, e não estar impensavelmente distante do líder, o Nyck (45 pontos). Só lembrando, temos ainda pela frente outras seis etapas, 12 corridas. Muita coisa pode acontecer. E nós estamos em nítido crescimento.

Não penso muito nos números. Tenho apenas uma ideia da minha colocação. Se você corre pensando neles, ao menos comigo funciona ao contrário. Cada etapa tem, para mim, sua história. Aqui na Áustria somei bons pontos e avancei legal na classificação.

O que tenho de fazer, e isso sim me ajudará a tentar ser campeão, é trabalhar com o pessoal da DAMS para ter um carro mais constante. Na França fiz a pole position, aqui na Áustria, larguei em nono. Precisamos de um carro que nos faça ser veloz em todos os tipos de pista, em especial nas sessões de definição do grid. Em corrida estamos bem.

Essa é a vantagem maior do Nyck, o carro da ART vai bem em todos os circuitos, sem tirar o mérito dele, lógico. Hoje se ele não tivesse sofrido aquela perda de potência, no começo, e depois se recuperado, seria difícil para mim ultrapassá-lo para vencer.

Vamos agora para Silverstone, traçado que adoro, como é o caso aqui de Spielberg. A ideia é seguir somando bons pontos. É isso que me dará a chance de chegar na F1 no ano que vem, meu objetivo principal. Abraços e de novo com exclamação!

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