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Chegar em 4º no campeonato é meta de Sérgio Sette Câmara na etapa final da F2

Chegar em 4º no campeonato é meta de Sérgio Sette Câmara na etapa final da F2

Agora falta apenas uma etapa, a 12ª do calendário, o GP de Abu Dhabi, dia 25 de novembro. No último fim de semana a competição esteve no Circuito de Sochi, na Rússia. O líder do campeonato, o inglês George Russell, da equipe ART, aumentou ainda mais sua vantagem sobre o segundo colocado, o tailandês Alexander Albon, da DAMS. Russell soma 248 pontos e Albon, 211.

Apenas os dois disputam o título no Circuito Yas Marina, em Abu Dhabi. E Albon precisa de um milagre para ser campeão. A cada etapa a F2 distribui 48 pontos e a diferença de Russell para Albon é de 37. O vencedor da corrida do sábado recebe 25 pontos, o da segunda corrida, no domingo, 15, o autor da pole position da primeira, 4, e o piloto que registra a melhor volta 2 pontos, tanto na primeira quanto na segunda corrida. Isso tudo mostra que há uma boa chance de já no sábado, em Abu Dhabi, conhecermos o campeão de 2018.

Na sexta-feira, na definição do grid, o holandês Nyck de Vries, da Perma, estabeleceu a pole position, com o inglês Lando Norris, da Carlin, já de contrato assinado com a McLaren para 2019, em segundo, e Russell, terceiro. O brasileiro Sérgio Sette Câmara, da Carlin, patrocinado pela Youse, com problemas no carro e de tráfego na pista, teve a pior classificação do ano até agora, apenas o oitavo colocado.

No final das 28 voltas no longo Circuito de Sochi, com seus 5.848 metros, Albon venceu, com o canadense Nicholas Latifi, cujo pai é sócio da McLaren, da DAMS, em segundo, Vries em terceiro. Sérgio disputou uma bela prova e recebeu a bandeirada em quinto.

Com o critério de grid invertido entre os oito primeiros no domingo, o japonês Nirei Fukuzumi, da Arden, largou na pole, por ter sido oitavo no sábado, o italiano Alessio Lorandi, da Trident, em segundo, por ser sétimo na primeira prova, e o italiano Antonio Fuoco, da Charouz, em terceiro, pelo sexto lugar no sábado. Sérgio saiu da quarta colocação no grid no domingo, pois foi quinto no dia anterior.

Em vez das 28 voltas do sábado, a segunda corrida é mais curta, 21 voltas, em Sochi. Russell pulou de quinto no grid para vencer. Sérgio, em excelente performance, recebeu a bandeirada em segundo, a 7 segundos de Russell, no seu oitavo pódio no campeonato. O terceiro foi Albon, em grande fim de semana, primeiro no sábado e terceiro no domingo. Por isso ultrapassou Norris na segunda colocação do campeonato e chega à etapa de encerramento com chances de ser campeão, embora remotas.

Na corrida pelos pontos

Sérgio Sette Câmara, em depoimento à Livio Oricchio

Olá pessoal.

Eu cheguei com tanta sede ao pote, na Rússia, depois de quase um mês sem GP na F2, que aquele oitavo lugar na definição do grid me atingiu. Precisei me recompor nos primeiros momentos. Trabalho muito a parte mental, como tem de ser, não apenas a física. Você fica chateado no primeiro instante, mas depois vai estudar em detalhes o que aconteceu para evitar sua repetição e já está pronto para outra.

No meu caso é simples entender. Ninguém conhecia o traçado de Sochi, que aliás gostei muito, nem nós nem as equipes. Quando eles correram lá, há três anos, o carro, o motor, os pneus, tudo era muito diferente. Este ano, portanto, não havia referências.

Não senti o carro na mão como o meu companheiro, o Lando, e na melhor volta do pneu peguei alguns carros mais lentos pela frente, colaborando para eu ser, imagine, 908 milésimos, quase um segundo, mais lento que o Vries, o pole. Essa diferença não existe na F2. Só se explica pelo piloto ter tido um carro desequilibrado ou o tráfego na classificação. No meu caso, como falei, foram as duas coisas.

O Lando se deu bem melhor, ao ficar com o segundo tempo, 688 milésimos na minha frente. Nas últimas etapas vinha sendo mais rápido que ele. Minhas dificuldades impediram que eu lutasse com ele pela primeira fila no grid.

Outra perspectiva

Mexemos um pouco no carro para a corrida do sábado e fui confiante para a largada. Acreditava poder somar bons pontos. E foi o que aconteceu. Mantive um ritmo forte o tempo todo e terminei em quinto, com uma bela vitória do Albon. A DAMS estava com um carro muito rápido, haja vista que o companheiro dele, o Nicholas (Latifi) ficou em segundo.

Fiquei satisfeito, no sábado. Pois além de ter somado os 10 pontos do quinto lugar, sabia dispor de um carro veloz para chegar no pódio no domingo, principalmente largando em quarto.

Agora a segunda corrida. Como falei, tinha consciência de que demos um salto de performance com o nosso carro, da sexta-feira, dia da classificação, para o domingo. Já na largada vi que poderia avançar. Ultrapassei o Fuoco e depois o Fukuzumi. Mas o Russell vinha voando baixo, pilotando o máximo e com um carro, o da ART, na média é o melhor da F2, acabou ganhando a liderança. Se o Russell for o campeão, como tudo leva a crer, terá muitos méritos na conquista, independente de, como falei, dispor do carro mais eficiente do grid.

Com o Russell em primeiro, eu em segundo, sem carro para acompanhá-lo de muito perto, e o Albon, terceiro, recebemos a bandeirada. Uma pena não ter melhor equilíbrio na sexta-feira, quando fiquei apenas em oitavo. Se tivesse largado um pouco mais para a frente teria repetido o resultado do GP de Barein, a etapa de abertura da F2, quando consegui dos pódios.

Mas no frigir dos ovos, o meu fim de semana foi bem salvo da má sexta-feira. Quinto lugar no sábado e o segundo no domingo, 10 pontos na primeira corrida e 12 na segunda, 22 no total, representam uma boa média.

Quem não teve um fim de semana nada bom foi o meu companheiro, o Lando. No sábado, teve um problema no pit stop, com a roda dianteira direita não presa, e no domingo abandonou depois de toque recebido do Sean Gelael, da Prema. Sem marcar ponto algum pela primeira vez no ano e com o duplo pódio de Albon, quem chega em Abu Dhabi com chances de lutar ainda com o Russell pelo título é o Albon.

Somar 20 pontos a mais

No meu caso, estou agora com 164 pontos, dois a menos do Artem Markelov (russo da Russian Time), na sexta colocação. Ser quinto, portanto, é uma meta bem realista. Mas quero mais, acho possível ser quarto no campeonato. Hoje o quarto é o Vries, com 184, nada menos de 20 pontos a mais do que eu.

Preciso de um fim de semana perfeito no Circuito Yas Marina para atingir meu objetivo. Sempre possível quando estamos bem preparados e com a autoconfiança lá em cima, resultado de nossa performance o ano todo e mais ainda nas últimas corridas, quatro pódios em sete provas.

E em uma temporada tida por todos como pródigas de talentos, como atesta o Lando ir para a McLaren, o Russell ser bem cotado para a F1 também, dentre outros pilotos de nível bastante elevado, como o Albon. Estou lutando contra essas feras todas e tenho me dado bem. Não é por outra razão que recebi convite de todas as principais equipes da F2 para o ano que vem. Vou estudar as propostas com o pessoal que me assiste e tomar a decisão que, tenho certeza, será a melhor para o meu futuro, pois em 2020 quero estar na F1.

Obviamente não vamos ficar dois meses sem nos falar. Sim, porque o evento de Abu Dhabi será somente dia 25 de novembro. Até lá vou treinar fisicamente, seguir na minha preparação mental, andar bastante de kart e realizar várias sessões no simulador. Além, claro, de dar uma esticadinha até as Minas Gerais, onde permanecer um tempinho por lá, resgatar um pouco da minha mineirice, jamais abandonada, só me faz bem.

Até a próxima, amigos.

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