Sérgio Sette Câmara diz que teste é para fazer experiência
Nesta quinta-feira, no Circuito de Jerez de la Frontera, na Espanha, a F2 realiza o terceiro e último dia de testes da primeira série da pré-temporada. Nesta quarta-feira, os 20 pilotos, das dez equipes, foram de novo favorecidos pelo clima mais de primavera do que de inverno na região da Andaluzia, com temperaturas na casa dos 20 graus. À exemplo do primeiro dia de treinos, o experiente holandês Nyck de Vries, 24 anos, da campeã ART, em 2018, foi o mais veloz, com 1min24s723 (90 voltas)
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O dia foi dividido, essencialmente, entre a sessão da manhã, onde a maioria simulou uma definição do grid, e a da tarde, quando quase todos simularam uma corrida. A F2 tem sempre duas provas no fim de semana de GP, uma de 180 quilômetros ou uma hora, no sábado, e outra de 120 quilômetros ou 45 minutos, no domingo. Foi o que os pilotos e seus times fizeram em Jerez.
Sérgio Sette Câmara, representante brasileiro na F2, patrocinado pela Youse, registrou o sétimo tempo na primeira parte do treino, 1min24s903 (35), a 180 milésimos de Vries, para se ter ideia do nível de competitividade da F2, e o 19º na segunda, 1min30s302 (34), com acerto experimental no carro na simulação de corrida. No fim do texto Sérgio dá um depoimento sobre o seu dia de trabalho em Jerez.
Depois de Vries, o mais rápido nesta quarta-feira foi o italiano Luca Ghiotto, 24 anos, da britânica UNI-Virtuosi, ex-Russian Time, com 1min24s745 (57), seguido pelo chinês Guanyu Zhou, também da UNI-Virtuosi, 1min24s758 (95). O alemão Mick Schumacher, 19 anos, filho de Michael Schumacher, da Prema, ficou com o quinto tempo, 1min24s869 (87 voltas).
Nesta quinta-feira, o programa das dez equipes é semelhante ao de ontem, com seus pilotos simulando sessões de classificação e corridas. Mas essas simulações de definição do grid, a não ser duas delas, não são completamente fieis à que enfrentarão dia 30 de março, sábado do GP de Barein, etapa de abertura do campeonato. Isso porque por orientação da FIA a Pirelli distribuiu somente dois jogos de pneus macios e seis dos médios para cada piloto, para os três dias de treinamento.
Depois do teste de hoje em Jerez as escuderias desmontam seu Dallara-Mecachrome e equipamentos para transportá-los com os próprios caminhões ao Circuito da Catalunha, em Barcelona, 900 quilômetros mais ao norte. De 5 a 7 de março a F2 realiza na pista catalã os três últimos dias de treinos antes da primeira prova do ano, no Circuito de Sakhir.
A reportagem da Youse conversou com Sérgio nesta quarta-feira, já tarde da noite, depois de o piloto se reunir com os engenheiros da DAMS para discutir os resultados e como começar o dia nesta quinta-feira.
Depoimento de Sérgio Sette Câmara, depois do segundo dia de treinos em Jerez de la Frontera
Oi pessoal.
Antes de mais nada, como escrevi aqui antes de a pré-temporada da F2 começar, o meu objetivo e da DAMS não é estabelecer o primeiro tempo pura e simplesmente, mas entender como ser o mais rápido possível em todo o fim de semana de competição da F2, sob condições bem distintas. É o que estamos fazendo aqui em Jerez.
Nesta quarta-feira, como a maioria, a DAMS focou o trabalho em tirar velocidade do carro em uma volta lançada, algo semelhante ao que fazemos na definição do grid. Foi bem produtivo. Eu fiz logo 1min24s903, ficando em segundo, a apenas 180 milésimos do Vries, cujo carro da ART é muito veloz.
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Depois, o acúmulo de borracha ajudou os demais e cai para sétimo. Mas, como falei, um décimo de segundo a menos no tempo de volta me joga lá na frente. E acho que temos esse potencial. Portanto, o saldo da sessão da manhã classificaria como bastante positivo.
Já à tarde as coisas não funcionaram como gostaríamos. Nós tentamos um acerto diferente no carro para simular a corrida. Treino é para isso. Não dá para fazer um exercício desses, sem saber como o carro vai reagir, em um fim de semana de GP. Na pré-temporada, sim. Só que em vez de deixar nosso carro mais rápido e equilibrado, o resultado foi oposto.
O bom de uma tentativa dessas é saber o que não fazer com o acerto do carro. Aquela combinação que tentamos, para aquela condição, pode esquecer. Além disso, depois de mexer no carro para voltar à pista, a embreagem quebrou, um problema que há dois anos afeta a F2. Melhoraram o sistema, mas ainda é algo que gera perda de tempo, sem falar nas vezes em que vimos pilotos não largando, no grid, em razão de a embreagem não funcionar como deveria. É um perigo.
Como escrevi ontem, vamos deixar para a segunda série de testes, no autódromo de Barcelona, perto da minha casa, para falarmos um pouco como estão nossos adversários. Por enquanto, não é possível. O que posso dizer é que do meu lado as coisas estão caminhando como previa. Estou gostando de trabalhar com os franceses da DAMS. Até amanhã, amigos. Abraços.