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Sérgio Sette Câmara não descarta a possibilidade de boas surpresas em Sochi

Sérgio Sette Câmara não descarta a possibilidade de boas surpresas em Sochi

A F2 entra no próximo fim de semana na reta final do campeonato. Os 20 pilotos que disputam a competição e sonham chegar a F1 vão estar no Circuito de Sochi, no Mar Negro, Rússia, 11ª etapa da temporada. Depois restará apenas o GP de Abu Dhabi, nos Emirados Árabes Unidos, dia 25 de novembro. É isso mesmo, haverá uma pausa de dois meses no calendário.

Nesse intervalo, a F1, com quem a F2 compartilha os autódromos, viajará para Suzuka, no Japão, dia 7 de outubro, Austin, Estados Unidos, 21, Cidade do México, 28, e São Paulo, 11 de novembro. Realiza sua última corrida em Abu Dhabi, junto da F2.

Depois de 10 etapas já disputadas, 20 corridas, pois a F2 tem uma no sábado e outra no domingo, o inglês George Russell, 20 anos, da equipe ART, lidera o campeonato, com 219 pontos, seguido de outro inglês, Lando Norris, 18 anos, da Carlin, com 197, e do tailandês Alexander Albon, da DAMS, com 176.

As duas primeiras colocações no campeonato dificilmente não ficarão com Russell e Norris. É pouco provável que Albon entre na luta pelo título, em razão da diferença de pontos.

Na realidade, a disputa pelo terceiro lugar de Albon é a maior atração dessa fase final da temporada.

O grande interesse pelo terceiro lugar é porque a diferença de pontos de Albon para seus adversários mais próximos é relativamente pequena. O russo Artem Markelov, da Russian Time, quarto colocado, soma 160, o holandês Nyck De Vries, da Prema, quinto, 155, e o brasileiro Sérgio Sette Câmara, da Carlin, patrocinado pela Youse, sexto, com 142.

Mas por que tanto interesse pelo terceiro lugar?

Todos querem terminar em terceiro, já que em primeiro e segundo não dá mais, por um motivo simples: os três primeiros classificados no campeonato da F2 recebem 40 pontos cada pelo critério estabelecido pela Federação Internacional de Automobilismo (FIA), exatamente o necessário para obter da entidade a cobiçada superlicença, documento que autoriza o piloto a disputar a F1. Sem a superlicença, não há como.

Se o piloto termina o ano na F2 em quarto, ganha 30 pontos. Em quinto, 20. Em sexto, colocação de Sérgio, 10.

Para ter o direito a superlicença o piloto deve somar 40 pontos em três anos de competição. Como se vê, as duas etapas finais da F2 têm um apelo importante.

Sérgio é o companheiro de Norris na Carlin. Nos últimos dias, antes de embarcar de Barcelona, onde reside, para Sochi, o mineiro de 20 anos intensificou a preparação física e mental e, essencialmente, realizou sessões no simulador do seu time, na Inglaterra, e em um estúdio particular, na Holanda.

Sérgio foi conhecer o Circuito de Sochi nos simuladores. A F2 viajou para a Rússia apenas em 2014 e 2015. Como este ano os carros e motor são novos, as referências de três anos atrás não valem quase nada para as equipes. Vão todos partir do zero para acertar seus carros para os 5.848 metros da pista da riviera russa, não permanente, montada dentro do Parque Olímpico construído para os Jogos de Inverno de Sochi, em 2014, nas montanhas do Cáucaso.

A Youse conversou com Sérgio antes de viajar para as provas decisivas do campeonato:

Rumo a Sochi

Sérgio Sette Câmara, em depoimento o jornalista Livio Oricchio

Oi pessoal. Faz algum tempo que não trocamos ideia, não é mesmo? Estivemos em Monza, junto da F1, dias 1º e 2, e depois eles foram para Singapura e nós não tivemos corrida. Treinei de kart, corri bastante, academia, e fiz algumas sessões no simulador.

Olha, amigo, eu não sabia nem mesmo se o sentido da pista é horário ou anti horário, o que faz diferença para nós pilotos. No jargão das corridas, dizemos que o piloto não sabe nem para onde a pista vira.

A evolução dos simuladores foi grande nos últimos anos. Vou chegar em Sochi tenho já uma referência razoável do traçado. Mas é sempre diferente por o bumbum no cockpit, acelerar e treinar diante de algumas telas na sua frente. Para conhecer o circuito é válido, lógico, pela fidelidade à realidade que comentei. Mas acertar o carro, por exemplo, naquela pouco mais de meia hora de treino livre, a rigor, será um desafio.

Eu me adapto rápido a novos traçados. Vejo até com uma certa vantagem para mim. Mas encontrar o melhor ajuste mecânico e aerodinâmico em tão pouco tempo não é simples. O desafio, no entanto é o mesmo para todos.

A pista me lembrou bastante a de Baku, no Azerbaijão, onde fui quarto na corrida do sábado e liderava a do domingo quando passei a ter alguns problemas e acabei ultrapassado pelo Russell. No fim, na inspeção, os comissários não conseguiram tirar um litro de gasolina do tanque, para a verificação, e perdi o segundo lugar, me desclassificaram. Duro.

Mas eu dizia que o traçado de Sochi me lembrou o de Baku, mas sem aquela imensa reta de dois quilômetros, o que significa poder usar mais pressão aerodinâmica. A tendência é, por esse motivo, os carros serem mais estáveis, em especial nas frenagens. Sochi é um típico circuito de rua moderno, com asfalto bem regular e as curvas, muitas de 90 graus, com áreas de escape. Se gostei? Sim, sem dúvida.

Tendo em mente que Baku é uma das minhas pistas favoritas, junto com a de Macau, na China, e Sochi tem lá suas similaridades com ambas, vou confiante para a Rússia. Espero, sinceramente, não ter as dificuldades, externas ao meu trabalho, já experimentadas este ano, como quebra do carro, para transformar minha possível adaptação ao circuito em bons resultados. Isso, claro, se com o meu engenheiro na Carlin, Daniele Rossi, encontrarmos um bom acerto para o chassi, no que acredito. A base do carro da Carlin é muito boa.

Vou para Sochi com um objetivo principal, me aproximar definitivamente do Albon para tentar na etapa final, no Circuito Yas Marina, em Abu Dhabi, lutar pelo terceiro lugar na classificação do campeonato. Se não for possível, o quarto lugar nos dá 30 pontos na carteira para obter a superlicença, a fim de poder pilotar os carros de F1. E 30 pontos representam apenas 10 a menos dos 40 necessários para a FIA nos dar a superlicença.

O legal de ir para um GP onde ninguém andou, ao menos com os carros deste ano, que nada têm a ver com os de 2014 e 2015, quando a F2 lá esteve, é que tudo está aberto. Nada impede de um time que não esteja lutando entre os primeiros encontrar algo que os adversários não enxergaram e, de repente, se inserir na luta pela vitória. Não é impossível. Há chance de assistirmos a um resultado surpreendente no GP da Rússia, mais na primeira corrida, no sábado. A F2 é bem menos previsível que a F1.

Na do domingo, nós já pegamos melhor a mão do carro e nosso grupo técnico também para ajustar o chassi de forma a se comportar melhor que no sábado. Um aspecto que quero confirmar já nos treinos livres, sexta-feira, é o desgaste bem comedido dos pneus. Confirmada a baixa degradação, poderemos acelerar tudo do começo ao fim da corrida em Sochi, como gosto.

Bem, nosso próximo encontro, agora, é na semana que vem, depois das duas provas de Sochi. A seguir, vamos ficar sem falar da nossa competição, ao menos de forma direta, até metade de novembro, por causa da trégua no calendário.

Torça para na Rússia em somar muitos e importantes pontos para em Abu Dhabi lutar pelo quarto e, até mesmo, o terceiro lugar no campeonato, o que seria ótimo, premiaria o extenso e produtivo trabalho que estamos fazendo com os profissionais da Carlin. Abraços.

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