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Vencer em Mônaco é um atestado de competência

Vencer em Mônaco é um atestado de competência

Não é apenas a F1 que tem o seu momento de glória no Circuito de Monte Carlo, em Mônaco. A F2 também se apresenta neste fim de semana no evento mais badalado do campeonato. A pista é desafiadora e cobra muito caro qualquer erro do piloto. Vencer em Mônaco é um atestado de competência.

Enquanto a F1 realiza a sexta prova do calendário, a F2 está na quarta. Os 20 pilotos da F2 que sonham chegar na F1 já estiveram no Barein, Azerbaijão e na Espanha. O canadense Nicholas Latifi, 24 anos, no seu quarto ano na categoria, sempre com os franceses da equipe DAMS, está tendo uma temporada livre de problemas. Ele é também piloto de testes da Williams e seu pai, sócio da McLaren.

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Com sua experiência e competência, Latifi lidera a classificação, com 93 pontos, resultado de quatro pódios nos seis possíveis, pois são sempre duas corridas por fim de semana de GP. O italiano Luca Ghiotto, da UNI-Virtuosi, 24 anos, também no quarto ano na F2, é o segundo colocado, com 67, e o holandês Nicky de Vries, 23 anos, da ART, no terceiro ano, o terceiro, 63.

Sérgio Sette Câmara, que nesta quinta-feira comemora 21 anos de idade, patrocinado pela Youse, é o companheiro de equipe de Latifi, mas uma série de problemas explica a maior parte da diferença que o separa do líder. Sérgio soma 34 pontos.

Em Baku, na segunda etapa, Sérgio foi tirado da corrida do sábado por Ghiotto, que bateu na traseira do seu carro. O italiano acabou punido. Na Espanha, também na primeira prova, uma pane elétrica o obrigou a abandonar.

Mas além desses problemas, Sérgio e seu engenheiro, Damien Augier, bem como os demais da DAMS, têm observado nos dados de telemetria que seu chassi não tem o mesmo desempenho do de Latifi, outro fator que colabora para explicar a grande diferença de performance entre ambos.

Mônaco pode significar para Sérgio o recomeço do campeonato, voltar ao estágio inicial, o da abertura, no Circuito de Sakhir, no Barein, quando foi terceiro no sábado e segundo no domingo.

Pouco depois da reunião dos pilotos com o diretor de prova, nesta quarta-feira, Sérgio deu o depoimento abaixo exclusivo para a Youse:

Sérgio: “Estamos tentando descobrir o que há de errado com o meu carro”.

Olá amigos!

Escrevo desta pista que tanto gosto, os 3.337 metros, 19 curvas, do Circuito de Monte Carlo, aqui em Mônaco. No ano passado, com o carro da Carlin, eu lutava pela pole position quando na primeira curva, a Sainte Devote, toquei o guardrail, o volante deu uma chicotada gerando uma lesão no meu punho direito. Acabei não disputando as duas corridas do GP.

Mônaco é isso, por menor que seja o seu erro há sempre um valor alto ser pago. Ser preciso é fundamental. Eu adoro correr em traçados de rua. São desafiadores.

Antes de vir para cá passei dois dias na sede da DAMS, em Le Mans, França, me preparando. Reunião com os engenheiros e horas de simulador. Sem falar, claro, que testei o carro de F1 deste ano da McLaren, em Barcelona. Excelente experiência.

O foco maior do nosso trabalho na DAMS foi tentar descobrir, através dos dados de telemetria do meu carro e do Nicholas, por quais razões o meu chassi não apresenta a mesma performance do dele. Em Barcelona, por exemplo, tanto na primeira corrida, no sábado, quanto na segunda, no domingo, o Nicholas foi um dos mais rápidos na pista, haja vista que venceu a primeira.

Independente da minha pane elétrica, em nenhum momento eu dispus de um carro veloz o suficiente para subir na classificação da corrida, como fim por exemplo na segunda prova no Barein, em que larguei em sexto e liderei a maior parte do tempo. Eu e o Nicholas não usamos acertos do carro radicalmente diferentes, o que poderia justificar a diferença de desempenho.

Vamos ver aqui em Mônaco como as coisas vão se sair, se essa diferença existente entre nós, em grande parte por causa do comportamento distinto do carro, vai prosseguir. Como falei, na sede da DAMS nos aprofundamos em tentar descobrir o que é.

Não emergiu nada de maior relevância, mas a própria equipe reconhece a existência de algo no meu chassi que não está funcionando como deveria. Não tem equilíbrio.

Em Barcelona ficou muito evidente. Todos conhecem muito bem a pista, no meu caso, resido ali perto. O ritmo de corrida do meu carro e o do meu companheiro, no entanto, era diferente. Eu dizia no rádio não poder exigir mais do que estava fazendo.

Pensando no campeonato, não adiante eu querer resolver tudo de uma vez, recuperar os pontos que não pude obter fazendo loucura, quero dizer, assumindo riscos mais elevados dos já normais. É como jogar em um cassino, as chances maiores são de você aumentar ainda mais o seu problema.

Tenho de procurar ver cada corrida de maneira independente, produzir o máximo sem ficar pensando, toda hora, que existe uma diferença de pontos importante entre eu e o líder. A receita para reduzi-la é seguir trabalhando normalmente, pois a gana de vencer, conquistar os melhores resultados todos nós pilotos temos sempre.

Voltamos a nos falar, agora, depois da sessão de classificação aqui em Mônaco, combinado? Abraços.

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